21 de maio de 2010

Sobre a beleza indigesta dos aniversários.



Sinceramente eu tinha planejado algo sobre castelos e seus respectivos moradores, ou então revelaria alguns manuscritos do meu livro, porém resolvi unir o (in)útil ao agradável e então escreverei sobre um dos dias mais poéticos de toda a minha vida. Tranqüilize-se, ainda não transformei o Hello, Mar em um diário.
Sempre me considerei uma eterna Peter Pan versão feminina. Enquanto todos não viam a hora de crescer e ter eu primeiro namoradinho eu simplesmente não queria largar os meus colegas, os hematomas, em algum lugar renegado na minha memória. Machucados era sinônimo de brincadeiras, brincadeiras era sinônimo de diversão. E, como toda criança que não suporta ficar trinta segundos estática em uma poltrona, eu achava que a maioria dos adultos era alguma espécie de robôs controladores disfarçados em roupas da moda, sempre arranjando tempo para simplesmente perdê-lo em pilhas de trabalhos e desejando coisas que nunca se davam ao luxo de correr atrás.
Portanto, na minha equação mental:
Macela + Crescer = Tédio e Marcela + Conservação = Diversão.
Claro que atualmente tenho uma visão bem diferente da que tinha há dez anos, mas o medo continua inalterado: amadurecer de todo e jamais me recordar novamente de como eram os tempos de minha divina inocência. Perdi boa parte de lembranças que deveriam ser inesquecíveis em algum canto das prateleiras cheias de histórias na minha memória. Porém, no dia dezoito de maio essas lembranças me visitam.
Poderia ser o dia dezoito de maio de 2006, 2009, ou 2010 que não há diferença: na data do meu aniversário eu sempre voltarei a sentir o gostinho inigualável de ser criança novamente.
Neste ano, no meu aniversário, acordei com quilos de cobertores em cima do meu corpo e um beijo da minha mãe bem estalado na bochecha. Confessem, existe despertador mais adorável? O meu foi (e é) excepcional, ainda mais me dando energias para sair de calor gostoso da minha cama. Sorri feito uma parva novamente para o presente mais complicado e mais divino que eu poderia receber de meus pais: meu notebook. Ele se encontrava em cima da escrivaninha sussurrando sinopses de futuros filmes e séries que me esperavam para serem assistidos, novos amigos a serem descobertos, músicas a serem apreciadas.
Não havia planejado nenhuma festa estrondosa, afinal, como diz uma certa garota: “Qual é a diferença em fazer ou não festa de debutante quando se completa quinze anos? As outras idades você também não tem duas vezes.” Portanto farei uma festa “arrasa corações” quando eu quiser, ou viajarei quando quiser, mas isso não me é importante agora. Nem milhões de festas poderiam me fazer acordar com os olhos brilhando, o corpo formigando de felicidade.
Na escola houve um abraço grupal na frente de todos os alunos se arrastando de sono. Retribuí os sorrisos sinceros o mais agradavelmente que pude, sem medo de parecer ridícula aos olhos de quem tem a mente pequena demais para poder enxergar além das minhas vestimentas – ou do que estava por baixo delas. Minha professora de português incrivelmente descobriu que eu fazia anos, então me dedurou na frente... da sala inteira. Pois é, Marcela tendo seu dois minutos de fama.
Houve um “Parabéns a você” desengonçado porque todos estavam ocupados demais me desejando todas as coisas que se espera que aconteça com o aniversariante e por isso mesmo belas demais para serem ditas todos os dias. Não ganhei presentes deles, mas quem se importa? É sério, só me lembro da minha data especial porque os amigos e parentes não se esquecem por mim. E, sinceramente, para quê artifícios materiais quando tenho ao menos um momento sem brigas, cheio de pessoas demonstrando que gostavam pelo menos um pouquinho da minha presença?
Preciso me lembrar de agradecer a minha professora de português.
Na rua distribuí sorrisos e acenos para estranhos, pulei rachaduras como fazia antigamente, ri por nada, cantei pateticamente e dancei com a minha mochila escolar enquanto uma música dos Beach Boys tocava na minha mente. Em casa fui paparicada e recebi muitos telefonemas adoráveis de pessoas que eu jamais pensaria que se dariam ao trabalho de pegar o telefone para me desejar feliz aniversário. Dentre elas constam a minha antiga faxineira e uma amiga bem-humorada da minha mãe. No twitter e no Orkut, então, acho que a minha surpresa foi maior ainda. Meus amores, vocês são lindos por terem me mandado tantos recados e tweets maravilhosos. Sou eternamente grata e podem ter certeza que arrancaram muitos sorrisos! Ganhei presentes fofos e internéticos, e aqui há os de duas pessoas favoritas no meu coração:


Letíca, amo tulipas! Amo flores! Adorei o agrado, viu? Aliás, gente, essa diva tem um blog que merece ser lido e relido, aqui está: www.likealovegood.blogspot.com
Guilherme, mesmo que o bolo seja fictício, saboreei-o na minha mente. Ele tinha um gosto delicioso de chocolate e glacê, com um toque de canela. Ou seriam todos os sabores do mundo? Estou em dúvida.

Posso dizer que completei quinze anos com cabeça de quarenta, corpinho de dezoito e apreciação pelos anos cinquenta em diante. E ainda por cima tenho meu dia de criança uma vez por ano, sem medo algum de estar crescendo mais uma vez ou de exagerar no bolo, e sim abraçar com força toda a nostalgia que me visita anualmente.
Para encerrar o meu falatório, queria deixar para vocês um fragmento de A Sombra do Vento, uma história ótima e encantadora que estou me dando ao trabalho de reler porque, além de entreter, tem a essência da beleza dos livros.
{“Certa ocasião ouvi um cliente habitual da livraria de meu pai comentar que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre o seu coração. As primeiras imagens, o eco dessas palavras que pensamos ter deixado para trás, nos acompanham por toda a vida e esculpem um palácio em nossa memória ao qual mais cedo ou mais tarde – não importa o livro que leiamos, os mundos que descubramos, o quanto aprendamos ou o quanto esqueçamos – iremos retornar.”}

Um beijo no coração, Marcela.

9 comentários:

  1. Ah, Mar! Mais uma vez me prendendo em frente a essa tela.

    Obrigada pelos elogios, os mesmos se aplicam a você :) E eu me identifiquei muito com esse post, quando o li.

    Um beijo e parabéns de novo,

    Letícia.

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  2. Adoro ler relatos de aniversários felizes, juro. Os meus, sem exagero, são o pior dia do ano. Talvez mude, talvez não.. enfim,não sou muito nostalgica.. quero me sentir livre denovo, coisa que eu só era quando criança, mas não quero voltar no tempo, e sim ir a frente, é dificil de entender porém dentro do meu coração faz um imenso sentido.. (:
    beijos, muitos aniversários como este para você, e queria dizer que seu blog é lindo!

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  3. Aw, que bonitinho! Eu gosto muito dos meus aniversários também, mas infelizmente os últimos não foram lá os melhores que eu já tive... Por sorte, o desse ano (agora, dia 23), vai ser bem divertido. Como você sempre faz, eu também vou meio que voltar a ser criança. Com direito a futebol no sabão com a família e tudo!
    Bom, feliz aniversário atrasado pra você, linda, e olha... Você escreve muito bem! Fiquei curiosa sobre o manuscrito do seu livro.

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  4. Não quis festa alguma quando completei quinze anos e nem por isso meu aniversário foi menos divertido. Aliás, tanto o aniversário do ano passado quanto desse ano foram ótimos. Ocorreu-me uma imensa nostalgia de todas as lembranças que eu tenho guardadas em minha mente e às vezes esqueço-me delas por completo. Aniversário é um dia que precisa trazer alegria e vejo que para ti, isso realmente aconteceu. Fico feliz! Beijos, Marcela.

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  5. Como você, quando criança não queria de jeito nenhum crescer. Vivia me perguntando por que crescer, se isso seria 'legal'...
    Ah, e mais uma vez, me desculpe por esquecer. Não acontecerá novamente.
    Adorei cada pedacinho desse post. ;)

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  6. Mas que lindo, Marcela! Como fiquei esse tempo todo sem ouvir falar sobre você? Amei tudo o que você escreveu e, confesso, sinto o mesmo que você em relação aos sentimentos de envelhecer. Sempre que perguntam minha idade, respondo com um sincero 13+2, porque não gostaria de ter passado dessa idade, se é que me entende. Amei, amei, amei & amei o post. E que bom que gostou do bolo. ♥

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  7. Olá,

    Quando era mais nova tinha muita vontade de crescer, não na questão de ter namorados ou ir a baladas (isso nunca me agradou). Ainda não sou uma adulta, mas sinto falta da minha infância, fui tão feliz com os meus finais de semanas na casa de alguma amiga brincando de Barbie, vendo filmes infantis e comendo doces sem peso na consciência.
    O que eu sempre quis era ser independente, ainda quero, mas agora vejo que tenho medo disso.

    Parabéns! Também tenho quinze anos e não fiz uma daquelas típicas festas, nunca gostei de comemorar meu aniversário...
    Fico feliz por você nessa data ter uma nostalgia gostosa dos seus tempos de crianças e não aquela nostalgia que machuca e nos faz querer ter uma maquina do tempo.

    FELICIDADES!

    Beijos

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  8. *-* É ótimo aniversários, principalmente quando você se diverte sem grandes festas. Obrigada por ler, viu?

    Luciana

    Ooooh, meu deus, tudo de bom, viu? Mesmo mesmo. Não sabia que era seu aniversário, lhe darei parabéns no twitter depois :)
    HSUAHSUASH volte a ser criança sim, é tudo de bom, uma das melhores idades!
    Obrigada pelo elogio, obrigada pelo parabéns :D Ah, esse manuscrito um dia vai ser compartilhado aqui, com certeza.

    Marina

    Obrigada, amo muito seus posts também, escreva mais, rs :D
    Ser criança era legal, mas como não dá para voltar no tempo...
    Acha, pare de se desculpar :3

    Gui

    SHAUSHUASHUASH Awn, que lindin. Não canso de lhe dizer isso. Vou começar a responder assim também, haha, aí finjo que não cresci ;3

    Rayane

    Também, jamais me agradou baladas ou namorados. Sód e vez em quando danço, e com as minahs amigas do peito. HAHA, eu também
    sinto falta de tudo isso. Dói saber que não dá para voltar, mas agora tento me lembrar da infância com minhas manias e desenhos que assistia. É muito bom!
    AWN, que adorável, obrigada! ♥ Também não gosto muito de comemorar, principalmente quando não estou no clima, mas o que fazer? E sim, tenho uma nostalgia dividida, meio deliciosa, meio doída. Mas inesquecível. :)

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  9. Mar, eu já li esse post umas vinte vezes, rs. Sério.

    Isso me fez lembrar mais ainda dos meus tempos de menina. Oh, quantas alegrias vividas. Muito mais alegrias.

    E eu concordo que independentemente da comemoração, é um dia lindo e nostálgico. Não há como escapar. É um dia em que a emoção corre nas veias, mais do que o normal. É tudo o dobro, triplo, quadruplo.

    No ano retrasado sabe como eu comemorei o meu aniversário? Risos.
    Compramos uma pizza aqui em casa (era dia de semana mesmo), e acendemos uma vela no meio da pizza para mim. HAHAH

    Foi um aniversário adorável, em que apenas mamãe, vovó e namorado presentes já foram o bastante para o meu coração se encher de balões coloridos.

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Sinestésicos.